quinta-feira, 28 de abril de 2011

3ª Proposta de Trabalho - Cor - Resultados Finais 2 e 3

Cor

Trabalho Prático Conjunto

Teresa Lencastre, Diana Tinoco


Exercícios 2 e 3






Neste exercício de manipulação da cor, pegamos numa fotografia de um rebanho de ovelhas. Nessa primeira imagem, nada mais há a assimilar do que o facto de se tratar de um aglomerado uniforme e anónimo de ovelhas, não existe nenhum outro elemento visual que conduza a uma leitura diferente.
Contudo, a simples modificação da cor de uma das ovelhas, visível na imagem manipulada, inverte esta situação. A ovelha da extrema-direita passa a ser escura, estabelecendo, assim, um contraste com as restantes ovelhas, que mantém a cor original. Na nova imagem destaca-se a “ovelha negra” das restantes ovelhas, que permanecem anónimas e uniformes.
Esta pequena modificação conduz a uma inversão comunicativa muito grande. Na primeira imagem, como dissemos, vemos um rebanho, nada mais. Na segunda, vemos a famosa ovelha negra, que se diferencia das restantes. Esta nova imagem passa a integrar um significado alargado, na medida em que ilustra a simbologia da ovelha negra nas sociedades humanas: o elemento desenquadrado ou descontextualizado, aquele que não se integra numa dada comunidade ou conjunto homogéneo de pessoas.





Neste caso, optámos por abordar a ideia pré-formada de que se associa a cor azul aos rapazes e, por sua vez, o cor-de-rosa às raparigas. Desta forma, trabalhámos uma imagem em que cada um estivesse com a sua cor "respectiva", trocando-as no resultado final. Invertemos a comunicação, na medida em que boicotámos o estereótipo das cores associadas ao sexo das crianças. Porque não o azul para a menina e o cor-de-rosa para o menino? A nova imagem vem, assim, relativizar a importância desta convenção social, na medida em que a inversão das cores não altera, de facto, o sexo de nenhuma das crianças.


terça-feira, 19 de abril de 2011

3ª Proposta de Trabalho - Cor - Resultado Final 1

Cor

Trabalho Prático Conjunto

Teresa Lencastre, Diana Tinoco


Exercício 1





A primeira imagem escolhida para manipulação da cor, de forma a inverter a intenção comunicativa, remete para a mulher perfeita dos anos 50 - a chamada perfect housewife. Esta era uma imagem frequente nas revistas da época e ilustrava a ideologia do papel da mulher na sociedade, como dona de casa (a "fada do lar" na versão portuguesa). Nesta proposta de trabalho, em que a mensagem comunicada deveria ser modificada através da edição de cor, achámos engraçado mudar a cor da pele da senhora na imagem, tornando-a numa mulher de pele negra. Isto porque, tratando-se de uma imagem dos anos 50, época onde ainda dominavam valores racistas, principalmente na classe social representada na imagem, seria impossível o surgimento de uma publicidade com uma mulher negra no papel central, esperando que o marido (branco!) chegasse a casa. 
A imagem criada vem transmitir duas novas mensagens. Além de ser uma resposta sarcástica à "mulher perfeita" anunciada nas revistas, é um protesto assumido contra o racismo e a segregação racial. A ideia foi deturpar toda a essência da primeira imagem e ainda alertar para outra problema enfrentado, ao longo da história, na sociedade ocidental. 
Se na primeira imagem lemos "a mulher perfeita é aquela que espera o marido em casa, com o jantar feito e a casa limpa", na segunda imagem lemos "a imagem da mulher perfeita é tão absurda como o racismo".
O objectivo deste trabalho não era abordar questões de racismo ou do papel da mulher na sociedade, apenas achámos que, neste caso, a mudança da cor da pele conduziu, de facto, a uma total mudança da intenção comunicativa da primeira imagem.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

3ª Proposta de Trabalho - Trabalho Teórico Individual e Recolha de Imagens

Trabalho Teórico
Teresa Lencastre

A cor é, de facto, um dos elementos visuais mais importantes, na medida em que é capaz de transmitir uma grande quantidade de informação. É possível, em muitos casos, aferir o significado de uma imagem quase somente pela presença da cor.
Neste trabalho teórico, comecei por referir a importância que a cor pode assumir, enquanto símbolo. As restantes imagens dizem respeito à recolha de situações em que é evidente a possibilidade de comunicar mensagens quase somente pela presença da cor. Por isso mesmo, este processo de recolha permitiu um melhor enquadramento teórico e um maior aprofundamento das competências necessárias à realização da proposta de trabalho prática da cor. Nas legendas de cada imagem, coloquei indicações que correspondem àquilo que a cor comunica, em cada situação. 





Esta é uma situação em que a cor assume uma simbologia muito forte. Trata-se de uma fotografia dos famosos "capitães de Abril", que encetaram o golpe de Estado que depôs a ditadura do Estado Novo. No dia do golpe foram colocados cravos vermelhos nos canos das espingardas dos soldados. O cravo vermelho tornou-se rapidamente no símbolo da revolução, indo de encontro com os respectivos ideais: ao vermelho associamos luta, vitalidade, agitação, dinamismo e força. É uma cor que se impõe, tal como a revolta de 25 de Abril. Em Portugal, o cravo vermelho nunca mais foi dissociável da Revolução de Abril. À presença do cravo vermelho, associamos, em sentido restrito, o 25 de Abril, e em sentido alargado, a liberdade, a revolta e a força.  Um caso em que a cor se impõe conceptualmente, sobrepondo-se a outros significados associados ao cravo.



A cor da pedra indica que se trata de um diamante, de uma esmeralda, de uma turmalina, de uma safira ou de um rubi
Um funeral

A cor da paisagem indica que é Outono


As cores verde, amarela e vermelha sobre a fotografia de Bob Marley indicam que era jamaicano

A cor vermelha da pele, indica que a senhora apanhou um escaldão

A cor dos semáforos varia do vermelho para o verde, consoante se deva parar ou avançar


O vermelho indica que o teste de gravidez deu positivo


A cor cinzenta do cabelo indica que se trata de uma senhora com alguma idade


O preto reveste a função de diferenciação/afirmação social na cultura gótica



Às rosas vermelhas associamos paixão. Por detrás das rosas vermelhas está alguém apaixonado


A cor da pele indica a raça da pessoa

A cor esverdeada/azulada nos alimentos serve de “aviso” à sua ingestão. O bolor indica que o alimento foi invadido por bactérias.

domingo, 10 de abril de 2011

2ª Proposta de Trabalho - Tipografia - Ricardo Reis



Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Nesta composição tipográfica de Ricardo Reisrealizada a partir dos versos acima apresentados e retirados do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio", decidimos dar especial importância ao factor memória, representando, assim, uma mancha negra indefinida (tal como a própria memória humana, esta é uma ausência de exactidão), que pretende exactamente transmitir a ideia da memória do poeta acerca de uma certa realidade - Lídia à beira rio. Por isso, tudo aquilo que o sujeito poético descreve como uma recordação foi, assim, inserido no interior da mancha, por não fazer parte de um acontecimento presente mas, sim, recordado.
As linhas apresentam uma ligeira sinuosidade por estarem estreitamente ligadas ao termo "rio" presente nos versos, concebendo, assim, alguma dinâmica à composição visual. 

domingo, 3 de abril de 2011

2ª Proposta de Trabalho - Tipografia - Alberto Caeiro



Memória Descritiva – Alberto Caeiro


Tristes das almas humanas que põem tudo em ordem
Que traçam linhas de coisa a coisa
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais
E traçam paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente mais verde e florida que isso!

Alberto Caeiro é o mestre de Fernando Pessoa e dos restantes heterónimos, porque considera que existir é uma alegria e que essa existência deve abolir o pensamento. Para ele, o pensamento “envenena” e falsifica a realidade e, portanto, o ser humano deve ver as coisas como elas são, no seu estado natural. Daí que venere a Natureza e procure senti-la em plenitude. Este excerto do poema “Um renque de árvores” resume bem a sua visão sobre o mundo e a nossa composição tipográfica também pretende retratar os aspectos referidos acima.
Esta imagem apresenta uma divisão. Só algumas partes do excerto foram consideradas “dignas” de um trabalho mais complexo. É relativa à própria divisão que observamos no excerto em questão: a divisão para a qual o  poeta alerta. Alberto Caeiro fala-nos nas “almas humanas que põem tudo em ordem” e que “traçam paralelos de latitude e longitude/ Sobre a própria terra inocente”. Estabelece desde logo o antagonismo entre o vício humano de intelectualizar a realidade e a capacidade de desfrutar a própria Natureza. Portanto, nesta composição, decidimos colocar os versos que descrevem essa “triste” atitude do ser humano ordenados em poema (respeitando o esquema formal da poesia) precisamente para comunicar esses aspectos relativos ao intelecto humano e que comandam a existência (a lógica, a forma, etc.). Por outro lado, e para estabelecer o contraste, decidimos investir nos elementos que Alberto Caeiro valoriza e que constituem a única verdade: daí as partes do poema referentes às “árvores absolutamente reais” e à “própria terra inocente mais verde e florida que isso” sirvam de base para ilustração tipográfica de uma árvore e da terra. A terra e a árvore destacam-se, transmitindo, assim, a crença do poeta num mundo sem sombras e que deve ser sentido através da simplicidade da Natureza.


2ª Proposta de Trabalho - Tipografia - Álvaro de Campos



Memória Descritiva – Álvaro de Campos


Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!


Álvaro de Campos era engenheiro e adepto da vanguarda futurista. Este verso é parte integrante da “Ode Triunfal” escrita na fase “futurista” do poeta. Nesta fase, o heterónimo procura espelhar a civilização industrial, através de uma poesia de exaltação à máquina, de sensações modernas, de energia e de um excesso algo doloroso.
A composição realizada procura comunicar todos estes aspectos e ilustrar os elementos descritos no verso em questão.
Concordámos que as cores preto, cinzento e branco seriam adequadas para fazer o trabalho, por transmitirem (principalmente o preto) algo da angústia existencial atravessada pelo poeta e, por serem predominantes em contextos industriais.
No conjunto, a imagem representa um maquinismo em funcionamento, procurando precisamente transmitir a dinâmica e a “fúria” desse sistema de “rodas” e “engrenagens”. Nesta composição tipográfica, as frases extraídas do poema em questão ocupam o lugar das engrenagens e o restante texto de 24 linhas foi trabalhado com o objectivo de constituir as rodas da estrutura mecânica.
Optámos por separar a parte referente ao “r-r-r-r-r-r-r eterno” do mecanismo, colocando-a verticalmente na extremidade direita da página. Fizemo-lo para reforçar a ideia de conjunto e porque pensámos que seria uma forma harmoniosa de incluir o elemento som, presente no verso. Portanto, quando vemos a imagem, observamos a presença do maquinismo, e a seu lado, representado de uma forma diferente, o som que dele provém. Utilizámos também o efeito “inner bevel” em parte do texto, o que permitiu que as palavras fossem revestidas com um efeito metalizado, próprio das máquinas.
Com tudo isto, o trabalho realizado ilustra o mecanismo (composto pelas palavras que a ele são inerentes – “rodas”, “engrenagens”, “maquinismo”, “espasmo”, “fúria”) e destaca o intenso som provocado, aspecto esse reforçado pela presença do ponto de exclamação.