Trabalho Teórico Individual
Teresa Lencastre
Elementos Básicos da Comunicação Visual
Segundo a autora Dondis A. Donis, “são muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer obra visual; uma das mais reveladoras é decompô-la em seus elementos constitutivos." Assim, analisando a presença dos complementos visuais básicos numa imagem, podemos facilmente avaliar o “sucesso potencial ou consumado da sua expressão”. Os elementos básicos da comunicação visual são: o plano, o ponto, a linha, a forma, a direcção, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.
Em primeiro lugar, importa classificar o plano utilizado nesta imagem, isto é, o plano pictórico do qual o designer se serve para a construção de referências espaciais. Como se trata de um desenho, o plano é bidimensional, e é delimitado pela forma rectangular. Este elemento é importante, na medida em que a imagem se lê em função da sua colocação dentro dos limites do plano. Na imagem em questão, a imagem é construída em harmonia com o plano, apesar de se tratar de uma representação dinâmica, que comunica movimento. Veremos de seguida porquê.
Outro dos elementos presentes é a linha. Está um pouco por toda a imagem: nas cortinas, fazendo um padrão no tecido; na balança, indicando a presença da gravidade, no suporte da própria balança e em todos os contornos dos elementos. Na representação do cenário, a linha é recta, e na representação das personagens, a linha é delicada e ondulada, fazendo uma justaposição artificial de dois tons. Reflecte em ambos os casos um trabalho preciso da parte do designer.
As formas são também utilizadas: triângulos a representarem o suporte da balança, que constitui um “A”, e um paralelepípedo a representar a tábua da balança. Segundo Dondis A. Donis, o triângulo aponta para significados como honestidade e esmero e o triângulo para acção, conflito e tensão.
Relativamente à direcção, a imagem central está claramente em posição diagonal. Esta posição remete para a noção de equilíbrio: a direcção diagonal é a mais instável e, consequentemente, mais provocadora. O designer decidiu representar um objecto que mede, por natureza, o equilíbrio, colocando-o na posição menos estática, de forma a comunicar o movimento e a animação de circo.
Relativamente ao tom, que determina a presença de luz na circunferência dos elementos, as gradações de luz são abundantes no desenho, principalmente na representação dos ursos. O tom fica gradualmente mais escuro, onde a luz menos incide, no desenho, nos corpos dos ursos.
Dentro do elemento básico cor, as matizes utilizadas são o amarelo, o vermelho, o azul, o branco, o preto e o cinzento. O designer faz um bom exercício de contraste, justapondo cortes que conferem grande legibilidade ao desenho. A saturação varia de acordo com a luz representada, sendo mais clara onde a luz é mais intensa e mais cinzenta onde a luz é menos intensa. Esse fenómeno é visível essencialmente no corpo dos ursos. Relativamente à temperatura de cor, verifica-se que se trata de uma representação um pouco fria, devido à predominância das matizes azul, amarelo e branco.
Técnicas de Comunicação Visual
Sabemos que o design constitui um instrumento muito forte na comunicação de realidades, de mensagens, enfim, de conteúdos. Assim, o designer deve saber controlar o efeito que irá produzir com uma qualquer representação, de forma a construir uma imagem legível, com linguagem significado e coincidentes com a sua intenção comunicativa. Para isso serve-se de técnicas visuais.
Na imagem analisada, são várias as técnicas de comunicação visual presentes. Em primeiro lugar, e falando da técnica mais importante, verifica-se grande contraste: as letras em vermelho sobre fundo amarelo e os ursos brancos sobre fundo azul-escuro, tornam a imagem perfeitamente legível.
Também esta presente a técnica da instabilidade, sendo que os ursos são representados numa balança que cai para a esquerda, de forma a comunicar o carácter animado e de movimento inerente à actividade em questão e ao mundo do circo em geral.
Relativamente à simetria, verificamos que a representação é assimétrica, mais uma vez porque a balança está em desequilíbrio. Na verdade, por ser uma imagem que representa uma balança, é relativamente óbvio concluir que o designer teria de recorrer à técnica da Instabilidade e da Assimetria para conseguir o efeito desejado. Só que, por outro lado, a imagem poderá também considerar-se simétrica, tendo em conta a posição dos dois ursos da extremidade, que olham um para o outro, sentados na mesma posição.
Relativamente à simetria, verificamos que a representação é assimétrica, mais uma vez porque a balança está em desequilíbrio. Na verdade, por ser uma imagem que representa uma balança, é relativamente óbvio concluir que o designer teria de recorrer à técnica da Instabilidade e da Assimetria para conseguir o efeito desejado. Só que, por outro lado, a imagem poderá também considerar-se simétrica, tendo em conta a posição dos dois ursos da extremidade, que olham um para o outro, sentados na mesma posição.
Este poster apresenta também regularidade na sua representação, uma vez que dispõe três ursos brancos, que embora em posições diferentes, são uniformes.
Trata-se de uma imagem simples, não complexa, uma vez que os ursos se ordenam nas suas posições, sem interferirem uns com os outros, constituindo um padrão.
Está igualmente presente a técnica da Unidade, sendo que os diversos elementos (balança, ursos, letras) se ordenam de forma harmoniosa, criando um cenário uno, que é visto como um todo.
Em termos da técnica da Economia/Profusão, é possível concluir-se o designer não optou por uma ornamentação excessiva, limitando-se à inclusão sensata de poucos elementos visuais. Seguindo este raciocínio, deve acrescentar-se que foi utilizada a técnica da Reticencia (ou Minimização), de forma a obter uma resposta rápida do observador à comunicação presente. Trata-se de uma publicidade a um circo, portanto não faz sentido que a resposta a essa comunicação seja difícil ou ambígua: o objectivo é fazer com que o observador queira ir ao circo e não com que fique a divagar sobre a publicidade em questão.
Esta é uma imagem previsível, racional e de sentido imediato para o observador (isto verifica-se em termos da representação, que é imediatamente perceptível, não em termos da actividade que os ursos executam). Os ursos dispõem-se numa balança inclinada para a esquerda, o que indica que o urso do meio está a conferir mais peso ao lado esquerdo. Prevê-se que a balança se incline para a direita, se o urso der mais um passo. O designer adoptou uma forma extremamente lógica (até pela inclusão de um objecto como a balança).
É uma representação activa, exprimindo uma actividade animada, típica de circo; ousada, uma vez que obtém máxima visibilidade; enfática, pois realça o papel dos ursos, que ocupam quase toda a imagem, sobre um fundo de grande contraste; opaca, não permitindo visualizar os elementos substituídos; variável, porque os ursos mudam de posição ao longo da balança; real (ou exacta), uma vez que não é distorcida; plana, porque a perspectiva está ausente; singular, pois focaliza na composição/um tema isolado; sequencial, ordenando os ursos de forma lógica e rítmica (e segundo a lei da gravidade).
É também utilizada a técnica da agudeza, pois a expressão dos elementos é clara, e a técnica da repetição, não porque os ursos se repetem de forma igual (até porque não é o que acontece), mas porque a sua repetição é coesa, mantendo unida e conecta a sua composição.
Nesta imagem, a textura apresenta elevada qualidade óptica. A representação do pêlo dos ursos e do veludo das cortinas confere uma sensação de suavidade muito forte, em detrimento das restantes representações, que não despertam tanto a sensação táctil.
No que toca à escala, importa referir que a medida proporcional é real. Tratando-se de uma representação extremamente realista (mais uma vez, não em termos da actividade dos ursos mas sim da sua figuração), os ursos são desenhados em proporção relativamente uns aos outros e à balança.
Trata-se de um exemplo de comunicação visual em que os elementos básicos e as técnicas interagem de forma harmoniosa, criando uma representação realista e de assimilação imediata, ainda que o tema apresentado seja provocador e aponte para uma situação caricata e improvável. Mas na verdade, o que é um circo se não um espaço de situações caricatas e improváveis? Este poster publicitário cumpre, com efeito, e servindo-se de técnicas e elementos básicos da comunicação visual, uma comunicação coesa e eficaz.
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